O local escolhido foi o rio Cabrum, um afluente do rio Douro, entre os concelhos de Cinfães e Resende.
As condições eram as ideais para iniciação:
- logística simples;
- grau de dificuldade acessível e gradual;
- grupo pequeno e experiente;
- muito calor;
A cor da água provava que havia vida, muita vida naquele rio, tanta vida que não nos deixava ver o fundo (mesmo que estivesse a uns escassos 50cm da superfície). Por vezes, depois de nadar entre as diversas formas de vida, era necessário retirar outras pequenas formas de vida que ficavam agarradas ao corpo...
Haviam também aquelas formas de vida verdes, que nos fazem escorregar quando as calcamos (e fizeram mesmo), mas em muito menor quantidade no leito do rio...
Com o acentuar do desnível, a água ganhou velocidade e limpidez, formando por vezes cascatas com 5, 10 ou 25 metros. Aqui entra a actividade radical.
Fazer um rappel com a corda molhada, mãos molhadas, pés molhados, superfície molhada (e escorregadia), não é tarefa fácil. Assusta-me pensar que existem diversas empresas que vendem descidas de rios como este (canyoning) a pessoas inexperientes, inconscientes e, muitas vezes, à procura dos limites. Esta actividade não pode ser encarada de forma leviana, ou não estaria ao nível do alpinismo ou da escalada clássica no que respeita ao perigo.
Não tenho dúvidas que as empresas operadoras de canyoning têm toda segurança necessária à prática da modalidade, mas alguma dessa segurança é confiada ao cliente. O problema é quando o cliente acha que essa segurança é redundante ou limitante. Aí vai ignorar, arriscar e comprometer a segurança de todos.
Se alguma vez pensar em fazer uma descida de um rio através de uma destas empresas, só tenho um concelho: canyoning é um desporto perigoso e é praticado em locais em que um pequeno acidente se pode transformar num grande problema de evacuação, pois geralmente a única saída fica a muitas cascatas e algumas horas de distância.
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