31 dezembro 2008

O melhor de 2008

Não se pode comparar à agitação que foram 2006 e 2007, mas foi um bom ano. Começou fraquinho... mas logo atingiu níveis altíssimos. Foi sempre a crescer:

  • Lisboa: comprei carro, mudei de casa do Bairro Alto para a Avenida da Liberdade.
  • Açores: reagi à pacatez do início do ano com férias nos Açores. Lá tive um dos dias mais memoráveis do ano em que visitei toda a Ilha da Graciosa com a Filó.
  • LAB 2008: mais férias, desta vez com o João Neto por Londres, Amesterdão e Bruxelas. Excelente experiência de backpacking e networking.
  • Escalada: há sempre uma altura do ano em que estou em forma. Do Algarve ao Gerês, fartei-me de escalar, encadeando muitas vias e atingindo o 7c.
  • Férias em família: geralmente são enfadonhas, mas este ano foram fantásticas. Muitos saltos, actividades e... canyoning!
  • Brasil: ganhei uma viagem ao Brasil e fui com a minha equipa para o Rio de Janeiro e S. Paulo.
  • Canyoning: voltei a praticar canyoning em força com os primos Marco e Tiago (e não só). Este fanatismo resultou numa das maiores aventuras do ano: Rio Poio.
  • Competições de Escalada: ganhei a fantástica prova de SpeedClimbing e a habitual prova de Lançamentos.
  • Trabalho: o ano começou com muito trabalho, nem sempre compensador. Mas durante o Verão consegui conciliar a responsabilidade do projecto mais complexo e difícil da OutSystems com todas estas actividades saudáveis. Foram meses muito difíceis para a minha equipa de trabalho, coroados de uma imensa realização profissional, dado o sucesso que o projecto alcançou.
Para o próximo ano espero coisas novas. Admito que este ano de 2008 foi calmo. Não tenho idade para estas coisas.... preciso é de aventuras, projectos, objectivos e atirar-me a eles com força!
Venham, estou à vossa espera!

22 dezembro 2008

"Arrests it certain" para a sua "face-half"

Neste Natal decidi oferecer vouchers para a família ir ao novo Hotel de Penafiel deliciar-se com o SPA. Fui ao site e deparo-me com os seguintes textos:


Não percebi muito bem o primeiro, mas no segundo a expressão "face-half" avisou-me que alguma coisa não estava bem. Voltei a atrás e percebi tudo... ou não. Tinham feito uma péssima tradução automática nestes 2 parágrafos, sendo que o resto do site está num inglês perfeito.

Foi uma barrigada de riso a desafiar os amigos a descobrir a tradução para "We know as it is complicated to find arrests it certain" sem ir ver às soluções!

Claro que, como bom penafidelense que sou, enviei prontamente um e-mail para que a tradução fosse corrigida, ao que eles prontamente responderam. No entanto nem copy&paste conseguiram fazer, pois o texto tem erros de dactilografia! Será que vale a pena enviar mais um?

14 dezembro 2008

Finalmente actualizado

E pronto, com este último post, consegui por em dia o meu blog! Já posso escrever o que me apetece, no próprio dia se necessário. Não foi fácil! Cheguei a ter uma lista de 10 posts que queria escrever, sobre actividades passadas e a culpa foi da viagem ao Brasil... e dos fins-de-semana seguintes, muito produtivos... e de não ter net em casa... e de ter muito trabalho... bah, desculpas!

I'm back!

08 dezembro 2008

De volta à escalada - Fenda e Andaluzia

Com dois fins-de-semana prolongados e mau tempo, o que se pode fazer? Canyoning não é certamente, por isso... de volta à escalada.

Sem treinar, com muito pouca resistência mas muita força, fui escalar para o Portinho da Arrábida no primeiro fim-de-semana comprido, que terminou no Domingo, com uma mega party em casa do Miguelin. Encadeei 2 vias (Tá bem abelha e Capitão Hadock) que me estavam atravessadas e deixei outra (Tiro e Queda) para depois. Na segunda-feira fiquei a arrumar a casa.

No segundo fim-de-semana prolongado não planeava ficar tão perto de casa e logo combinei com o João e a Helena que iríamos fugir da chuva, fosse para onde fosse!
O plano era ir para o Algarve e foi com essa convicção que acordei na 6ªf de manhã. Depois de almoço já estava a imprimir os croquis de 2 escolas de escalada perto de Granada, na Andaluzia. A previsão era igualmente de mau tempo, mas o fanatísmo falou mais alto e lá fizemos os 700Km para ir descobir rocha molhada em Espanha.

Saída do trabalho já tarde, percorrer 700Km e chegar às 5h30 a uma curva da estrada já perto de Montefrío, onde encontramos 4 carros portugueses estacionados. Atiramos uma tenda 2’’ ao ar e esperamos pelo amanhecer para cumprimentar o grupo de 13 fanáticos que buscavam sol na Andaluzia.


O primeiro dia foi passado em Montefrío, com rocha não muito seca, mas bastante aderente. Deu para escalar, pouquinho, pois chegamos à parede às 12h e pelas 17h30 era noite. Encadeei um 7a+ duro depois de aquecer num 6c molhado. Soube a pouco.


Depois de sermos chulados por meia dúzia de pizzas ao jantar, lá nos mudamos para Cogollos, onde iriamos escalar no dia seguinte. Não encontramos nenhum lugar decente acampar, por isso ficamos mesmo no meio da estrada.


Eu até montei a minha tenda no telhado de uma pequena casa dada a falta de espaço. Falta de frio é que não houve! Acordei várias vezes de noite a bater o dente e uma rapariga menos preparada passou bastante mal a noite, não dormindo nada e "acordando" de manhã com os lábios roxos! Situação resolvida prontamente na noite seguinte, com vários sacos-cama extra que a malta trazia. Mas o problema da noite seguinte não seria do frio :)


O dia de escalada em Cogollos foi muito bom, se bem que também não escalei muito. Comecei com dois 6c para aquecer mas depois perdi-me num 7a+ bastante duro, mais uma vez. Acabei o dia a flashar um 7a compridíssimo.


Mais um dia, mais uma viagem, desta vez fomos para Loja. Encontrámos um sítio fantástico para jantar, acampamos num spot secreto do João Neto, também fantástico e ficámos na conversa até tarde (ou até começar a chover, como preferirem). Choveu tanto que entrou água em quase todas as tendas. Felizmente, e com a tenda só para mim, não me molhei nada.
De manhã percebemos que não seria possível escalar naquele local e tentamos fazer uma rápida mudança de planos para El Chorro. Mas chegados à cidade vizinha percebemos que não iríamos ter sorte com o tempo e bazamos para Portugal, aproveitando para chegar bem cedinho a casa.

Foi mais uma segunda-feira que não deu para escalar...


Nota: não tenho muitas fotos, pois a malta foi para escalar, não para tirar fotos... Bom, isto não é bem verdade... mas fica a promessa de, para a próxima, tirar mais fotos, principalmente se tiver a intensão de escrever um post no final. É que não apareço em nenhuma!


22 novembro 2008

Canyoning - Rio Fafião

Mais um.


Excelente forma de "fechar a época", com um canyoning no Gerês. Ao contrário do canyoning da semana passada, este impressionou-me pela positiva. Vai mesmo directamente para o top das minhas preferências!


Fui com o João Graça, que está determinado em criar uma secção de canyoning no meu clube, e com o Devesas, caloiro dos canyonings mas determinado em altos voos!


O rio começa logo a matar, com grandes passagens subterrâneas que nos colocaram um sorriso de orelha a orelha na cara. Apesar de estarmos já no final de Novembro, a temperatura da água era aceitável (desde que não se tirassem as luvas) e o sol satisfazia-nos sempre que saiamos destas fantásticas grutas naturais.

Nenhuma das várias descidas em rapel que fizemos era uma cascata "normal". Era sempre um buraco, por vezes apertado, pelo qual passávamos, sem saber muito bem onde nos estávamos a meter...


Este era incrivelmente apertado e eu tive a sorte de ser o primeiro a "meter-me na toca do lobo", a explorar este caminho por onde teríamos de passar.


E não podia estar mais contente! O João tinha uma máquina digital à prova de água, portanto este foi um canyoning altamente documentado, com "fotos dignas de uma revista de canyoning", como disse o autor destas. Ora comprovem lá!


Fantástica paisagem e originais cascatas subterrâneas, água cristalina e muito saborosa. Excelente descida que ainda iria ter um momento alto... muito alto! O nosso caloiro estreou-se com um mega salto de muitos metros!

Informou-nos que ia saltar aquele que era o maior rapel do rio. Eu e o João descemos com a cordinha e, no final, puxamos a corda, ficando ele sozinho lá em cima. Este gesto despertou em todos nós a realidade que o nosso caloiro teria mesmo de saltar os cerca de 15 metros de desnível! E assim foi.


O ganda maluco saltou todo torto, mas com a devida coragem que coroou com a verdadeira raça do NME a nossa primeira actividade de canyoning.

Mais fotos aqui.

16 novembro 2008

Jornadas Técnicas de Canyoning

Tive a honra de participar nas Jornadas Técnicas de Canyoning (link e link), com uma excelente organização da Associação Desnível, que me deixou muito impressionado, pela positiva.

O local para a realização destas jornadas, a DiverLanhoso, não podia ser mais apropriado. Tem uma localização quase perfeita, muito perto de vários canyonings do Gerês, com uma paisagem ao seu melhor nível, nesta altura do ano, fria.


Cheguei já tarde, na sexta-feira, vindo directamente de Lisboa, no meu carro, onde dei boleia a uma desconhecida. O carro deu-me alguma autonomia no fim-de-semana, primeiro porque o material de canyoning é tudo menos pouco/pequeno. Depois aproveitei para trazer mais tralhas para Lisboa.


Bom, voltando às jornadas, o programa era ter apresentações técnicas no Sábado de manhã e fazer uma sessão de trabalho da parte da tarde. No Domingo passávamos à prática.

Durante as apresentações apercebi-me que era dos menos experientes praticantes presentes, com menos formação e que praticava a modalidade com maior risco! Ganhei bastante sensibilidade para várias questões de segurança que envolvem esta modalidade, nomeadamente o cuidado a ter com as previsões meteorológicas e com os caudais dos rios, material a levar, etc... Enfim, balanço positivo!


De tarde, na sessão de trabalho tive o prazer de contribuir para o melhoramento das condições da prática desta modalidade que está a dar os primeiros passos no nosso país. Mais prazer ainda quando esse contributo foi para a segurança com que pode ser praticada, especialmente pelas empresas que vendem estas actividades aos menos experientes domingueiros.

À noite, a sessão de fotografias de várias expedições de canyoning por esse mundo fora deixou-me com muita água na boca e fez-me sentir pequenino, apesar da quantidade de canyonings que fiz nas últimas semanas!


O programa de Domingo incluía várias workshops, um simulacro e um canyoning no Gerês. Eu optei pela opção mais barata e radical: fazer canyoning no Gerês em Novembro, com o meu fato de 5/3 milímetros!

O rio escolhido foi o Saltadouro, que não correspondeu às minhas expectativas. Primeiro estava frio! Depois, além de estar frio, estava frio... Enfim, estava frio. Os desníveis e a paisagem ficou aquém de todos os canyonings que já fiz.

No entanto, aprendi bastante pois a actividade foi coordenada por monitores de canyoning que dão formação e, por acaso, até estava uma formanda em teste. Por isso consegui "apanhar" algumas técnicas que me faltaram há umas semanas atrás...


Fiquei também impressionado pelo equipamento que o grupo, de 12, levava. Imensas cordas, mochilas, fatos quentinhos com luvas e capuz, botas especiais de canyoning e apito! Sim, todos tinham apito, esse equipamento essencial da segurança e bastante barato. Eu era o único que não tinha. No final de cada rapel dizia sempre ao colega do lado "apita aí!". Bom, foi outro nível!

09 novembro 2008

EBC - Competição de Bloco e Lançamentos

O meu regresso às competições de escalada, cerca de 2 anos depois da última, foi na prova rainha de boulder, organizada pelo meu clube (NME). Sem treinar há muito tempo e sem escalar em rocha ao fim-de-semana (já devem ter notado que tenho andado no canyoning), não esperava grande resultado.

Mas, para minha surpresa encadeio à primeira tentativa todos os blocos até à dificuldade média! Depois... lesionei-me. Contractura do trapézio, que felizmente não me impedia de escalar, mas não me deixava virar o pescoço. A Romana fez-me uma massagem milagrosa, mas nem assim encadeei mais nenhum bloco. Apesar da lesão, fiquei em 10º lugar, o que é muito bom. Em forma, poderia aproximar-me dos 8 finalistas!

Restava-me a já famosa competição de lançamentos que, mais uma vez, teria de a fazer com dores no pescoço.

A competição consiste em saltar de um conjunto de presas perto do chão para uma presa muito grande, a uma distância cada vez maior, medida na diagonal do ponto de partida. Os atletas vão saltando e quem não agarrar a presa, é eliminado. Sobe-se a presa 5 a 10 centímetros a cada ronda e ganha quem saltar mais que os outros. Simples.


Mesmo sem treinar, senti-me muito bem nos lançamentos. A competição está mais renhida a cada ano que passa, com novos atletas a progredirem cada vez mais e a chegar mais longe. Mas a algumas rondas do final, lá ficaram os atletas do costume: eu, o André Neres e o Ricardo Neves (campeão em título). O Ricardo foi o primeiro a ficar para trás por 2 razões. Primeiro, estava com azar e escorregou duas vezes. Segundo, o André mudou de táctica e continuou a saltar cada vez mais longe.

Eu, no penúltimo lançamento, com "alguma" folga.

O André Neres estava a usar uma técnica muito parecida com a minha e estava a pressionar-me cada vez que subiam a presa para mais longe, pois ele saltava antes de mim, obrigando-me a lançar com sucesso só para me manter em prova.

André a voar no seu último lançamento, no limite.

Mas chegamos a um ponto em que o André já não conseguiu agarrar a presa. Caso eu conseguisse, ganhava a competição de lançamentos.

Concentração antes da "descolagem". Longe não é?

Sucesso. E ainda fiquei com a sensação que podia ter continuado a saltar mais alto.

Esta é uma competição que me é querida. Gosto de lançamentos e, há 3 anos treinei para ser um especialista neste tipo de prova, estatuto que ainda mantenho sem adversários à altura, por enquanto.


Depois da competição de lançamentos, veio a final da competição principal. Coube-me a mim a responsabilidade de arbitrar a final sénior masculina, ganha pelo Zé Abreu com relativa facilidade, seguido de perto pelo André Neres.


Foi um último esforço no culminar de uma das provas mais difíceis de organizar, que envolve mais logística e que tem mais participantes, pela qual o NME está de parabéns, especialmente o Sílvio Morgado que foi o responsável máximo.

Nota: fotos de Alexandre Páris

19 outubro 2008

Clash 2008 - Speed Climbing

Houve um evento de de desportos radicais, organizado por uma entidade externa à escalda, mas que incluiu uma prova de escalada de velocidade, com um prémio de 1.000 euros para o primeiro classificado. No entanto, a adesão não foi muita, mesmo com um prémio tão elevado!

O formato da prova não era o oficial, mas as regras eram iguais para todos. Haviam treinos na sexta-feira à noite, Sábado todo dia e a prova seria no Domingo. Eu fui treinar todos os dias, com o Sílvio Morgado e o Rui Santos, ambos do meu clube.

Neste video está resumida a final (eu sou o gajo de T-shirt laranja):



1: perdi para o Nuno Marques, após queda no final.
2: ganhei ao Ricardo Belchior.
3: Nuno Marques ganha a Nuno Carneiro que escorregou logo no início.
4: na minha melhor subida, elimino Nuno Carneiro não dando hipóteses ao meu adversário mais forte.
5: Nuno Marques garante lugar na finalíssima ganhando a Ricardo Belchior.
6: Nuno Carneiro ganha também a Ricardo Belchior, mas não evita a eliminação.

Fiz uma prova muito boa, estando ao meu melhor nível nos momentos mais importantes, nomeadamente no confronto directo com o Nuno Carneiro, eliminando-o com a minha subida supersónica feita em cerca de 6 segundos!


Na final encontrei o único dos atletas da final que tinha treinado todos os dias do evento. Na sexta-feira, subíamos a parede em 12 segundos e, no sábado de manhã, baixamos a casa dos 10 segundos! Daí até aos 8 segundos consistentemente em cada subida foi uma questão de treino e mais treino. Numa ou noutra tentativa, eu chegava aos 7 segundos. O Nuno Carneiro, já no domingo de manhã, estabeleceu o record dos treinos em 6.38 segundos. Previa-se uma prova muito animada, mas não foi de admirar que o prémio seria entregue a um dos dois mais empenhados atletas presentes, pois a consistência dos tempos também é importante, uma vez que cada um de nós fez 12 subidas, sempre ao melhor nível.

Depois de fazer uma boa subida na primeira manga da finalíssima, vou mais descontraído para a segunda manga, ganhando a "à melhor de 3", sem necessidade de nova subida.


De realçar a presença da Rute Delgado (à esquerda), única rapariga presente, que competiu de igual para igual com os homens.

Notícia aqui.

28 setembro 2008

Canyoning - Rio Poio

Este será o relato de uma das maiores aventuras que já tive.

Foi com pouca experiência, pouco material, pouco conhecimento do rio, mas muita motivação que eu, o Tiago e o Marco decidimos descer "um dos rios mais extensos e técnicos do continente". Pelo croqui ficamos a saber que eram necessárias cinco a seis horas para o descer, mais 1h para subir uma enorme conduta que nos levava do carro (estacionado no final do rio) até ao início do da descida, na aldeia vizinha.


Tivemos a oportunidade de evitar esta etapa, levando 2 carros, mas eu achei que desvirtuava um pouco o canyoning, uma vez que gosto dos acessos através de condutas de mini-hídricas.


Levantamo-nos às 6h da manhã, para chegar ao rio às 8h00 e iniciar a subida meia hora depois. A subida não me desiludiu e proporcionou imagens fantásticas, além de nos fazer o aquecimento para a actividade... ou melhor, o sobre-aquecimento!


Estavam previstas 6h para a descida. Avisamos a família que estaríamos incontactáveis até às 17h, dando já 2h de folga, para não ficarem preocupados desnecessariamente, caso nos atrasássemos.


Às 9h30 estávamos prontos para iniciar a descida do rio mais difícil de Portugal continental, numa manhã bastante fria e com um caudal já bastante generoso... Depressa chegamos ao primeiro rapel que confirmou a dificuldade do rio. Mas nada fazia prever a "zona mais encaixada" que se aproximava.


Chegamos a um troço de várias cascatas seguidas, todas numa zona muito muito estreita do rio. A água era inevitável. As escapatórias em caso de problemas inexistentes. O nosso material, assim como a nossa experiência e formação era mínima. A minha responsabilidade era enorme. Cabia-me a mim descer sempre primeiro, identificando todos os perigos da descida e guiando o Marco, que descia sempre em segundo lugar, ficando o Tiago com a responsabilidade de desmontar tudo.


Logo no primeiro rapel da zona encaixada, apanhamos com muita água na recepção da cascata que faz com que o Tiago ganhe bastante medo a passagens mais aquáticas como esta. Digamos que ficou aflito!

Depois deste primeiro rapel já não tiramos mais fotos enquanto não chegamos a terreno mais aberto! Estávamos sob pressão. A dificuldade era muito grande e já no último rapel da zona encaixada, tivemos de fazer um desvio para evitar a água, uma manobra técnica que eu não sabia fazer, pelo que tivemos de improvisar. A segurança ficou a perder e não havia espaço para erros. Tudo correu bem e lá conseguimos relaxar, quando voltamos a ver o sol...


Nesta foto podemos ver o último rapel de 30 metros, com demasiada água, vinda de uma sequência de 5 cascatas que mal se vêem, pois o rio fica mesmo estreito! Mas sim... nós viemos daquele buraquinho de onde vem a água. E para chegar ao local da foto ainda tivemos de escalar algo bem técnico e complicado!


Descemos então o último rapel que nos tirava daquela zona sem escapatórias. No fundo pode-se ver a zona encaixada, bastante escura. Seguimos, caminhando pelo leito do rio, até uma zona aberta, com sol, onde aproveitamos para almoçar. Já eram 14h! Tínhamos demorado 4h30 a chegar a meio do rio, mas era com certeza a zona mais lenta do mesmo.

O Tiago, ainda em choque devido ao contacto com tanta água, não queria continuar. Queria subir por uma das margens do rio, por uma escapatória. Seria uma subida inumana, muito íngreme. A alternativa seria continuar, rio abaixo, tendo apenas mais 1 rapel complicado e um ou outro mais simples. Por 2 votos contra 1, decidimos continuar dentro do rio, mas com passo acelerado, pois estávamos atrasados. Se a previsão era de 6h, nós prevíamos atrasar cerca de 1h...

Andamos muito, em terreno difícil com muitos blocos e destrepes, assim como um ou outro rapel. Chegamos finalmente ao maior rapel do rio, que se nos apresentou com muita água. O Tiago voltou a entrar em stress por causa da água e, após alguma indecisão, que nos atrasou ainda mais, lá nos fizemos à dita cuja.


Foram mais uma vez momentos de grande pressão mas que conseguimos superar com o nosso escasso material, sem margem para erros. Muita concentração era a nossa maior virtude e arma para combater a dificuldade do rio.

Eram 18h e ainda faltava mais um rapel, segundo o croqui, para terminar a descida. Não havia rede de telemóvel. Tínhamos agora a pressão da preocupação da família, que não nos conseguia contactar. Andamos cerca de 1h, rio abaixo, sem encontrar qualquer rapel. Estava a ficar escuro. O Tiago estava agora com pavor da noite. Apesar de elementarmente preparados para passar a noite no rio, caso fosse necessário, era um cenário que não agradava a ninguém, muito menos ao Tiago.

Às 19h chagamos finalmente ao último rapel da descida, ainda com luz. Daqui já conseguimos telefonar à família que estava já a rezar por nós! Foi muito complicado para eles ficarem sem notícias nossas durante 2h. Mas ainda não tinha acabado, apesar de que, após o último rapel já nada me preocupava. É perfeitamente possível caminhar pelo rio à noite com frontais (lanternas para a cabeça). Mas o Tiago não pensava assim e continuava apavorado com a proximidade da noite.


Eu fiquei exausto. Já mal conseguia caminhar e o meu ritmo decresceu bastante, ao contrário do Tiago que queria sair dali o mais depressa possível. Mais de 1Km depois do último rapel, às 20h, chegamos finalmente à encosta da margem esquerda que nos levava de volta ao carro, já de noite!


Dez horas depois de começar a descer o rio (sem contar com a hora de demoramos a subir a conduta), chegamos ao carro, com um final feliz para uma das aventuras mais arriscadas que já realizei. Tudo correu bem e mesmo que tivesse corrido mal, penso que saberíamos contornar a situação, mas não sem um custo bastante grande para a família que ficou de fora, sem notícias!

Depois de descer este rio já podemos dizer que fazemos canyoning no verdadeiro sentido do desporto. Este rio é realmente um canyon. A partir de agora teremos esta experiência como referência e nada será como dantes: compraremos mais material, faremos mais formação e não nos enfiaremos sozinhos em rios desconhecidos e tão complicados como este. Foi uma boa lição aprendida, não acham? :)

Mais fotos aqui.

PS: mais tarde descobri que este canyoning costuma ser feito em 2 dias, usando a tal escapatória íngreme.

20 setembro 2008

Canyoning - Rio Teixeira

Com o objectivo de construir um grupo fixo para praticar canyoning regularmente, voltei ao Rio Teixeira, 2 anos depois, para o descer com os meus 2 primos, Marco e Tiago.


À esquerda o Marco, companheiro de aventuras nos primeiros rios que desci, há 2 anos. Não tem nenhuma formação de escalada/movimentos de corda. Ao centro o Tiago, menor de idade, com muita disposição para desportos radicais e bastante facilidade em aprender.


Este é um rio muito simples e muito lúdico, um dos mais frequentados por empresas de desporto aventura. O objectivo era continuar a formação e treino de canyoning, especialmente do Marco, pois o Tiago apenas precisava de consolidação. Eu já não tinha muito mais a ensinar, dado que a minha formação é essencialmente de escalada. Restava-nos praticar.


O rio Teixeira já foi um dos rios mais limpos da Europa, como se pode ver pela imagem. Tem basicamente 2 rapeis grandes em zona de blocos, bastante escorregadios.

Depois, já no final, numa zona mais encaixada, tem um rappel de 20 metros, que pode ser transposto com um salto, para os mais corajosos.


No final deste canyoning ainda tive uma grande aventura para chegar às Feiras Novas (Ponte de Lima), que daria para outro post! Um dia conto-vos...

Mais fotos aqui.

17 setembro 2008

Canyoning - Rio Cabrum

Logo depois de vir de férias, fui com a minha irmã e com o meu primo Tiago, descer novamente o Rio Cabrum, 2 anos depois.


É um excelente rio para iniciação, com a dificuldade dos rapeis sempre a incrementar, ideal para formação e treino. Foi neste rio que me estreei, e foi nele também que já iniciei 3 pessoas da minha família.


Uma das coisas que mais gosto neste canyoning é a sua logística muito simples. Basta subir a conduta da mini-hídrica, pelas suas infinitas escadas, e estamos no início do rio, acabando mesmo junto ao sítio onde deixamos o carro. É óptimo!


Tinha realizado recentemente um canyoning com um grupo mais experiente e queria treinar alguns movimentos de corda, por isso esta era a oportunidade ideal. Ensinei e testei os conhecimentos adquiridos aos dois mais novos praticantes desta modalidade que rapidamente os assimilaram e ficaram autónomos. Sim, tão autónomos que passei a descer sempre à frente para ficar a tirar fotografias enquanto eles faziam todos os procedimentos necessários para descer em segurança.


O balanço desta "formação" foi tão bom que, na semana seguinte, o Tiago foi sozinho com o meu primo Marco, que não tinha nenhuma autonomia, descer este mesmo rio, em segurança.


A felicidade estampada nos rostos, depois de descerem o rappel mais bonito do rio. Vejam mais fotos aqui.