23 fevereiro 2009

Canyoning - Rio Arado

Primeiro canyoning para início de temporada, depois de termos fechado com chave de ouro o ano passado, este Rio Arado revelou-se interessante, muito devido à quantidade de água, que nos pareceu a ideal!

Começou com uma bonita caminhada de acesso, que nos levou ao Vale Teixeira, mesmo no coração da Serra do Gerês, local onde iniciamos a descida.

Tinha algumas cascatas bem grandes (50m) e bastante divertidas, mas nada que marcasse pela diferença.


Mais uma vez, a quantidade de água parecia ideal. A sua temperatura é que deixava muito a desejar, como seria de esperar para Fevereiro, ainda com alguma neve/gelo a derreter nos picos mais altos da serra. Cheguei mesmo a sentir uma forte dor no pescoço e na nuca quando a água me atingia com mais força! Muito desconfortável...


Este rio estava a ser "mais um", até chegar a um local que nos surpreendeu! Eu fui o primeiro a descer aquele que parecia ser "mais" um desnível a transpor com recurso a um normalíssimo rappel. Mas 2 metros depois de começar, reparei que a corda me levava para dentro de uma fenda que, para além de estar completamente preenchida pela muita água, parecia "demasiado" estreita para eu passar. Pior ainda, não dava para ver o fundo. Não dava para saber o que me esperava!


Ao colocar a corda para descer, vimos 4 amarrações na parede, cada uma mais distante da outra. Não percebemos porquê... e decidimos usar o segundo ponto (para não nos afastarmos muito para fora da cascata, que ainda desconheciamos). Nesta altura, 2 metros abaixo da amarração, percebi o porquê da 4 amarrações, cada uma mais distante que a anterior. Era para evitar a água.


Além da água, outra coisa me preocupava: ficar entalado na fenda! As 4 amarrações estavam lá para alguma coisa e eu, amarrado à segunda, não conseguiria evitar ser "engolido" pela fenda e pela água, deixando à minha sorte a decisão de ficar ou não preso na descida...


Acabei por escorregar para dentro da fenda, passar a cascata e chegar ao fim do lado de dentro do buraco. Tinha a sensação de quase não ter ar, estava preso no escuro da fenda à minha corda e a todos os sistemas de segurança que tive de retirar enquanto me concentrava para não entrar em pânico, sob toda aquela água gelada. A sério! Depois de me libertar, fugi dali, passando mesmo muito apertado pelo que restava da fenda que ainda apertou mais no fundo.


Esta foi a cascata que distinguiu este canyoning, proporcionando um episódio que será lembrado no futuro e que me marcou como uma das cascatas mais difíceis que já desci, pelo medo e pela descoberta que foi!

Mas este canyoning ficará também na memória por outro factor: as amarrações invisíveis. Sem croqui da descida, sempre que chegávamos a um desnível, procuráramos as amarrações. Num dos casos descemos por um pinheiro, mesmo com 2 tiges a olhar para nós:


Mais à frente eu ía-me matando a escalar, sem protecção, a 20m de altura, para chegar a um pinheiro, quando mesmo atrás dos meus ombros duas tiges idênticas às da imagem anterior sorriam para nós! Foram momentos de alguma aflição, pelo menos para mim, mas tudo acabou bem.

2 comentários:

Jorge Nogueira disse...

Olá,

Conheço muito bem este rio ;)

Já fiquei preso no Final da diaclasa (fenda), felizmente tinha comigo o equipamento de espeleo e tive que subir novamente. Foi uma experiência de aperto!
Estava ali perto, estava no Rio Conho, Não sei se já conheces mas também vale a pena!

Abraço

Diogo disse...

Olá!
No Domingo passado fiz o meu primeiro Canyoning e logo no rio Arado. Nunca tinha feito rappel ou escalada e lá me aventurei... Encontrei o teu blog ao pesquisar sobre canyoning!
Confesso que ao inicio tive medo, muito medo... mas depois tornou-se giro! O caudal era imenso pois tem chovido muito, cascatas com muita água não faltaram...
Experiência a repetir, sem dúvida!

Abraço