Este é sem dúvida o ex-líbris da Serra de Guara. É o percurso mais completo e o mais bonito de todos os que fizemos.
Mais uma vez saímos de manhã bem cedo pois este seria uma actividade bem longa (cerca de 9 horas) que começa com uma fantástica caminhada que sobe pelo leito do rio remontando depois pela margem esquerda até ao todo da Citadella del Mascún.
Passamos pela aldeia abandonada de Otín, sempre com paisagem fantásticas que justificam a passagem do GR1 por esta zona. Mais uma vez levávamos imenso material às costas! Eu, depois de aprender a lição com o Gorgas Negras, levei as sapatilhas habituais de caminhada e um fato mais leve, preferindo passar mais frio mas ter mais conforto.
Depois de mais uns quilómetros, chegamos ao início do Barranco del Mascún (Superior), onde encontramos mais 5 pessoas, prontas a descer. Equipamo-nos rapidamente e fomos os primeiros a iniciar a descida, que começava com um bonito salto.
Depois do salto, uma bonita e aberta cascata com bastante água. Foi a mais divertida da semana! Gostávamos que todos os barrancos tivessem sido assim, com água e cascatas imponentes...
Durante a descida ainda encontramos outra cascata como esta, que nos satisfez a sede por este tipo de obstáculos. Mas o Mascún ainda tinha mais coisas para nos mostrar!
Primeiro foi uma mega gruta de 50 metros, pela qual tínhamos de passar para continuar a descida. Era uma gruta que, apesar de mais pequena, fazia lembrar as caldeiras da Graciosa.
Foi um obstáculo diferente e bonito, esta gruta, que se torna uma armadilha muito perigosa no caso de chuvas torrenciais.
Outra técnica nova que não é habitual por Portugal são os tobogãs. Aqui também não abundavam, mas sempre deu para experimentar.
Outra técnica nova que não é habitual por Portugal são os tobogãs. Aqui também não abundavam, mas sempre deu para experimentar.
Depois, para finalizar este troço, veio uma secção mais encaixada, com alguns pequenos rapeis. Num deles, quase se dava um acidente. Ignorando as ancoragens para um pequeno rappel de cerca de 5 metros, decidi destrepar pela cascata e saltar os 3 metros finais para o que parecia ser uma piscina funda. Erro comum e causa de inúmeros traumatismos! A piscina tinha cerca de 30cm de profundidade e eu, com o salto, devo ter ficado uns centímetros mais curto!
Senti um grande choque nos joelhos, pernas e pés e caí para a frente, com a mochila (pesada) às costas. Apenas fiquei uma pequena luxação no dedo grande do pé esquerdo que, devido à água fria, só me "chateou" mais para a noite, já na tenda...
Depois deste episódio chegamos ao fim do Barranco del Mascún Superior para encadear, logo de seguida, a secção inferior, separada por um pórtico natural de rocha:
A secção inferior tinha ainda um pequeno rappel com imensa água que nos deu bastante gozo fazer.
Além deste rappel, apenas registamos mais e mais paisagens fantásticas à medida que víamos o tempo a ficar cada vez pior, ameaçando chover a qualquer momento.
Voltamos a passar pela Citadella del Mascún, desta vez com uma perspectiva mais interessante.
Estivemos quase para terminar o dia com uma via ferrata até ao início do Barrando de la Virgen mas estava "ocupada" com um grupo muito lento de turistas da Semana Santa e decidimos regressar rapidamente ao campismo para regressar ao vale de Rodellar para escalar no sector das Ventanas del Mascún.
Para finalizar, mais uma história... desta vez feliz:
Na secção mais encaixada deste percurso o João pergunta-me:
- Tens a minha máquina fotográfica?
- Não - respondo eu - tu é que a tens... ainda agora me tiraste fotos.
- Perdi a máquina!
Passamos 10 a 15 minutos à procura da máquina e a tentar escalar a cascata que tínhamos acabado de descer até que aparecem os espanhóis atrás de nós. Fazemos-lhes sinal para procurar uma máquina nas profundezas das piscinas de cima e, passados uns segundos, um deles levanta na mão direita a bolsa preta da máquina! Ai que sorte João!
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