Tínhamos boas referências sobre o famoso Barranco Gorgas Negras, bem como duas advertências: percurso bastante longo e a temperatura gélida da água devido às suas características sombrias. Teríamos de sair bem cedo para percorrer as 3 horas de acesso previstas no croqui, que agoirava ainda mais 5 horas para o descer e outras 3 a 4 horas para regressar ao ponto de partida, o campismo. Eram 12 horas de actividade no total!
O acesso faz-se através de um percurso pedestre lindíssimo que sobe 2 vales famosos pela a prática de escalada, atravessa a aldeia abandonada de Nasarre e desce até uma garganta enorme e sombria onde começa o rio.
Esta garganta é o principal ponto de interesse do rio e também a porta para um percurso muito longo, apenas com uma escapatória. Esta escapatória serve exclusivamente para nos retirar do leito do rio (apenas 5h depois do início) no caso de chuva, pois recorrer a ela significa voltar a subir toda a montanha até bem perto do início e fazer o percurso inverso. Por isso toda a gente opta por continuar rio abaixo, encadeando o Barranco de Barrasil logo de seguida.
Na véspera fomos pedir informações sobre o rio e aconselharam-nos a não o descer devido ao forte caudal e às baixas temperaturas da água nesta altura do ano... Não queríamos acreditar! Não era possível! Tínhamos de ir lá ver para crer...
O rio tinha muito cauda?
Sim claro, estamos em Abril... E ainda bem porque no Verão não deve ter nenhuma!
Sim claro, estamos em Abril... E ainda bem porque no Verão não deve ter nenhuma!
A água estava fria?
Isso é relativo: comparando com os rios do Gerês em Novembro ou Fevereiro é sopa!
Isso é relativo: comparando com os rios do Gerês em Novembro ou Fevereiro é sopa!
Mesmo assim, devido ao caudal do rio nesta altura do ano, as poucas cascatas que tinha apresentavam um débito bastante interessante...
Mas nada de muito alto nem muito forte... Nada do que estávamos preparados para enfrentar! Fomos com muita preparação física e bem equipados, levando 3 vezes mais corda que o necessário e material suficiente para re-equipar todo o canyon se necessário! Se somarmos a comida, água e todo o equipamento de sobrevivência que carregávamos, podem facilmente perceber que este seria um percurso para levar qualquer um à exaustão!
Depois das 3 horas de subida, 5 de descida, faltava-nos percorrer as 3 horas do próximo canyoning: o Barrasil.
Se o Gorgas Negras era bastante estreito e sombrio, o Barrasil era bem mais amplo e lúdico. Penso que não tinha nenhum rappel e a paisagem era o seu principal atractivo, com paredes verticais e extra-prumadas nas suas margens a atingirem algumas centenas de metros.
Foi um percurso bastante penoso para mim que, bastante carregado e com botas "novas", me fui arrastando com dores nos pés, no joelho direito e nas costas, provavelmente devido ao peso excessivo que trazia na mochila através deste percurso acidentado. Por sorte haviam troços em que a natação era obrigatória e sempre dava para descansar a metade inferior do corpo!
Longas 12 horas depois estávamos de volta ao campismo, concluindo assim o primeiro dia de actividade na Serra de Guara que... desiludiu um pouco! Teríamos de investigar melhor as próximas opções pois procurávamos alguma adrenalina e não um tareia de 12 horas a caminhar na horizontal sem desníveis... Se não me engano, para os cerca de 5Km que fizemos pelo rio, não devemos ter descido mais de 300 metros. E quanto às advertências dos espanhóis.... são um meninos!
3 comentários:
Não sabes metade da técnica que os espanhois têm....
E tu não sabes a técnica que eu tenho... nem sei dar o nó de mula!
Relaxa, isto é só a brincar... e o Gorgas Negras é só um canyoning comercial!
espectaculo!!! Também quero ir a esses sítios... =)
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